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14 de jul. de 2013

Estudo japonês mostra como o cérebro processa representações visuais

atualizado às 15h09


Cientistas do Japão descobriram que o modo como o cérebro armazena representações visuais de objetos é diferente do que se pensava. Segundo os pesquisadores, o órgão primeiramente cria "representações precursoras" em uma área menor na hierarquia cerebral, e somente depois essa representação se prolifera e se fixa no órgão.
"Quando reconhecemos o que nós vemos, nosso cérebro nunca faz uma fotocópia interna perfeita do que nós vemos. Uma fotocópia perfeita não leva a um reconhecimento eficiente e flexível. Por exemplo, quando vemos um copo de café de um ângulo ou distância diferente, o copo de café pode produzir muitas imagens retinais diferentes com diferentes formas e/ou tamanhos no olho. Apesar disso, você pode reconhecer e identificar as imagens retinais como vindas do mesmo copo de café. Isso é possível devido a computações feitas no cérebro, que depende de um banco de dados chamado de representação interna do mundo externo, ou 'representação neuronal'. (...) Uma representação neuronal de um objeto é distribuída para cada atributo ou característica dele através de diferentes áreas do cérebro, e características mais complexas são representadas em áreas mais altas do cérebro", diz Yasushi Miyashita, da Universidade de Tóquio, um dos autores do estudo.
Os sinais que temos de objetos chegam através dos órgãos sensoriais e passam por uma hierarquia de áreas no cérebro, pelas quais são processados. É aceito entre os cientistas que uma característica nova e mais complexa de um objeto emerge e se torna predominante em uma área específica do córtex. Os pesquisadores do Japão, contudo, decidiram testar uma nova hipótese, de que o órgão cria um pequeno número de representações precursoras em um estágio inicial dessa hierarquia do córtex, e só depois a representação se prolifera e se torna predominante na área superior.
Para testar a hipótese, os médicos examinaram dois macacos durante um experimento que durou meses. Enquanto os animais aprendiam a relação entre diversos objetos, os cientistas monitoravam os cérebros destes. Ao contrário de estudos anteriores, nos quais os pesquisadores analisavam neurônios individualmente, os especialistas do Japão focaram em pares de neurônios, acreditando na atuação em pares dessas células.
Para a surpresa dos cientistas, o funcionamento em pares dos neurônios ocorre apenas na área hierárquica mais baixa - na mais alta, o funcionamento ainda era individual. Apesar disso, as observações deram suporte à hipótese dos pesquisadores e podem mudar a maneira como a ciência vê a formação de representações no cérebro. O time japonês tentará agora descobrir a cadeia de eventos que o cérebro segue ao recuperar uma memória.