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28 de abr. de 2013

Ser canhoto não é uma coisa do outro mundo, e os pais nunca devem reprimir essa preferência.



Apesar de gêmeos, Fernanda e Victor, 5 anos, mostraram a canhotice em momentos diferentes, cada um no seu ritmo.

Será que ele vai ser destro ou canhoto? Quem nunca se fez essa pergunta ao ver o filho, ainda bebê, segurando os brinquedos, ora com uma mão, ora com outra? Essa agilidade motora, dizem os especialistas, é perfeitamente normal: nos primeiros meses de vida, a criança é ambidestra, ou seja, tem habilidade com as duas mãos. A definição final da lateralidade (nome que os cientistas dão à predominância motora de um dos lados do corpo) só irá ocorrer entre os 6 e os 8 anos. Muito antes disso, porém, a criança já começa a mostrar certa preferência pelo uso de uma das mãos. 

A menina Isadora, por exemplo, dava sinais desde cedo de que seria canhota. 'Com pouco mais de 1 ano, ela já utilizava a mão esquerda para segurar a colher, pegar as bonecas e apontar para os amigos', conta sua mãe, Rebeca Werdesheim Cardoso. Hoje, com 5 anos, parece não haver mais dúvida. 'Na escola, ela escreve, faz desenhos e usa a tesoura com a esquerda', afirma Rebeca - também canhota, por sinal. 

Os cientistas não chegaram a uma conclusão definitiva sobre os motivos que levam uma criança a ser destra ou canhota, embora a maioria deles aposte na determinação genética. Seria, portanto, uma característica herdada dos pais. Um estudo feito no início dos anos 90 revelou que filhos de pais destros têm apenas 9,5% de chance de ser canhotos. Mas se o pai ou a mãe é canhoto, como é o caso de Isadora, a possibilidade sobe para 19,5%. Se os dois são canhotos, o filho terá cerca de 26% de probabilidade de ter a mesma lateralidade dos pais.
Papel do cérebro 

Quem comanda a lateralidade é o cérebro. Cada um de seus dois lados controla os movimentos da parte oposta do corpo. Assim, a mão e o pé esquerdos são acionados pelo hemisfério cerebral direito, e vice-versa. 'Nos destros, o hemisfério dominante é o esquerdo, enquanto nos canhotos é o direito', explica o neurologista Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Outra descoberta a respeito da lateralidade é que, apesar de inata, a preferência por uma das mãos, por um dos pés ou por um dos olhos (sim, embora muita gente não saiba, também temos um olho dominante) vai se instalando progressivamente. 'A dominância de uma das mãos surge no fim do primeiro ano de vida, mas só co-meça a se definir em torno dos 5 anos', afirma a psicopedagoga Irene Maluf, da Associação Brasileira de Psicopedagogia. E cada criança se desenvolve num ritmo próprio. 

É exatamente esse ritmo particular que fez a lateralidade de cada um dos gêmeos Victor e Fernanda, 5 anos, evoluir de forma diferente. 'Desde pequena, a Fernanda pega as coisas com a mão esquerda', lembra sua mãe, Paula de Cillo Alexandre. 'No Victor, nenhuma preferência por uma das mãos surgiu até que entrasse na escola. Aí, ele passou a usar mais a esquerda e hoje escreve com essa mão', recorda ela. Neste caso, nenhum dos pais é canhoto, mas apenas um tio paterno. 
Atenção para a lateralidade cruzada
Quando uma criança é ambidestra ou tem lateralidade cruzada, pode sofrer dos mesmos prejuízos causados pela inibição do canhotismo, ou seja, pode apresentar dificuldade de alfabetização, desorientação espacial, etc. A lateralidade cruzada acontece, por exemplo, quando a criança é canhota de olho e destra da mão ou do pé. É preciso, então, fazer um programa com a criança, para organizar sua psicomotricidade. 'Com uma série de exercícios visuais, motores e escritos, tentamos harmonizar essas preferências e organizar a dominância exercida pelos dois lados do cérebro', explica a psicopedagoga Irene Maluf. 'Embora não exista comprovadamente ligação direta entre os distúrbios da aprendizagem e o canhotismo, com freqüência percebemos essa relação no caso de crianças que não possuem simetria lateral definida', diz a especialista.

fonte: http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC406249-2216,00.html